Ontem, concorrentemente com a compra do celular, me cadastrei nos Champs Libres, uma biblioteca hightech aqui de Rennes, que fica a cinco minutos à pé de meu quadrado. Digo concorrentemente porque na França nāo existem procedimentos burcráticos que sejam pontuais. Aquelas senhoras robóticas que funcionam a base do oui-non-monsieur-protocol, sempre definem um lugar pra você passear antes de entrar num "accepting state", transformando o procedimento numa odisseia. Mas tenho que admitir que o robô de ontem era dotado até certo ponto de bom senso. Ela me colocou pra passear, óbvio. Mas me recomendou fazer um cadastro na biblioteca central de rennes. Assim eu pagaria 4 euros no lugar de 15, além de ter direito a descontos em inscriçōes em outras bibliotecas. Apesar do dilúvio e vento ciclônico tāo caracteristicos de Rennes, aquela recomendaçāo era suficientemente sensata pra ser obedecida. Além disso eu poderia aproveitar pra desprocrastinar a compra do celular (post anterior), ja que a loja ficava no caminho. Ao retornar com o cadastro da biblioteca central, a pergunta que poderia novamente me colocar pra passear: - Est-ce que vous avez, une attestation de residence monsieur? - Voilà! Tinha levado comigo meu extrato bancário que chega mensalmente na minha boîte 72. - Desolé monsieur, il faut avoir une lettre de la EDF, la COELBA de Rennes. Eu já estava preparado pra uma avalanche de xingamentos mentais, quando me lembrei: No titulo de sejour, que o vendedor do celular havia exigido, e que a partir daquele dia eu tomara consciência de ser o documento de identificaçāo supremo, constava meu endereço. Saquei-o do bolso, com um filete d'espoir. - D'accord, monsieur, comme vous avez deux documments que attestent votre residence, je vais vous faire une exception. Mais outrement je ne pourrais pas le faire, en?! - Merci! Saí dos Champs Libres impressionado. E com dois DVDs na māo.